Farinha obtida a partir da carcaça da tilápiaA Universidade Estadual de Maringá está na final do Prêmio Henri Nestlé Nutrição e Saúde. Representa a UEM, um trabalho de conclusão do curso de Zootecnia e que está relacionado à produção de uma farinha obtida a partir de carcaças de tilápia, com aplicação na alimentação humana. Uma das aplicações possíveis dessa farinha é para o enriquecimento da merenda escolar, já que ela é rica em cálcio, fósforo e ferro, além de ser uma excelente fonte de proteína.

O trabalho é de autoria do egresso Leandro César de Godoy, sob orientação dos professores Maria Luiza Rodrigues Franco, Nilson Franco, Jesuí Visentainer e Nilson Evelázio de Souza. Vale destacar que já há registrado um pedido de patente requerido no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Uma vez patenteada, o registro vale para a farinha e todos os produtos obtidos a partir dela.

Maria Luiza Franco orientou a pesquisaO Prêmio Henri Nestlé é uma iniciativa da Nestlé Brasil e tem como objetivo o incentivo à pesquisa científica, desenvolvida por profissionais e estudantes, ligados às áreas relacionadas à nutrição, saúde e bem-estar. O trabalho que representa a UEM está entre os três finalistas na categoria para graduandos e especializandos, na área de tecnologia e bioquímica de alimentos, tendo passado por várias etapas classificatórias. O resultado final do concurso sai no dia 20 deste mês. Na ocasião o trabalho será apresentado para uma comissão julgadora, compostas por docentes de várias instituições de ensino superior do País. A premiação ocorrerá no mesmo dia, segundo informou a professora Maria Luiza Franco. O primeiro lugar garante dois mil reais em dinheiro e a participação em um dos congressos relacionados pela organização do prêmio.

Na última semana de junho, Maria Luiza Franco estará em Brasília, na Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), para apresentar os resultados dessa pesquisa. “Há uma negociação em trâmite para aplicação dessa farinha nas merendas servidas em escolas, a começar pelas instituições do Paraná”, explica a professora.  De acordo com ela, há um grande potencial nesse projeto, pois a tilápia é um dos peixes mais cultivados em todo o mundo e como ele, normalmente, é destinado à filetagem, a quantidade de resíduos é grande. “Mesmo sendo de alto valor nutricional, esses resíduos normalmente são descartados.  

Há algumas iniciativas de utilização em alimentação animal, porém ainda sem aplicação em escala comercial. O uso mais comum tem sido o de separação mecânica de carne, conhecido industrialmente como CMS, um processo que gera resíduos e constitui um problema ambiental.”, informa Maria Luiza Franco. “Conseguimos superar muitos desses obstáculos, viabilizando o uso na alimentação humana e apresentando o produto como uma opção barata e viável para solucionar problemas de desnutrição entre crianças de baixa renda”.

A farinha obtida a partir da tilápia pode enriquecer, caldos, sopas, tortas, quibes e outros alimentos, agregando não apenas maior valor nutricional, mas também sabor aos alimentos. Através de um convênio de cooperação internacional com a Universidade Michoacana San Nicholas de Hidalgo, no México, a farinha de tilápia foi usada em tortillas, alimento comum naquela região. O resultado agradou muito, segundo a professora da UEM.